O cientista político Steven Levitsky, coautor do best-seller "Como as Democracias Morrem", tem chamado a atenção para os desafios enfrentados pelas democracias em todo o mundo. Em sua recente passagem pelo Brasil, Levitsky elogiou a postura das instituições brasileiras na defesa da democracia, contrastando-a com a resposta nos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump.
Brasil vs. EUA: Uma Comparação Crucial
Levitsky, professor de Harvard, argumenta que as instituições brasileiras demonstraram maior resiliência e prontidão para defender os princípios democráticos. Ele criticou a postura de lideranças políticas e instituições norte-americanas, que, segundo ele, “abdicaram de suas responsabilidades” ao lidarem com o que ele considera o autoritarismo de Trump. “Eles ficaram de lado, eles correram e se esconderam. Em contraste, as instituições brasileiras se defenderam, defenderam a democracia”, afirmou Levitsky.
As Infiltrações Silenciosas: A Metáfora do Navio
Levitsky utiliza uma metáfora poderosa para descrever o declínio das democracias: elas não afundam apenas com grandes tempestades, mas também com pequenas infiltrações que são ignoradas. Quando o Estado falha, a política hesita e a sociedade se cala, a estrutura democrática começa a ceder. Países com memórias de regimes autoritários, como Alemanha, Espanha e Portugal, possuem um “instinto de defesa” mais aguçado.
A Confiança Cega e Seus Perigos
Levitsky adverte que a crença de que a democracia é indestrutível pode ser perigosa. Nos Estados Unidos, muitos acreditaram que as instituições resistiriam automaticamente às tentativas de Trump de corroer as regras do jogo. No entanto, o Congresso hesitou, o Judiciário calculou e a sociedade civil permaneceu tímida. O Brasil, apesar de sua jovem democracia e das cicatrizes da ditadura militar, demonstrou uma reação mais rápida e coordenada em 2022.
O Que Podemos Aprender?
A análise de Levitsky oferece insights valiosos sobre a importância da vigilância constante e da ação proativa na defesa da democracia. É crucial que as instituições, a classe política e a sociedade civil estejam preparadas para resistir a qualquer tentativa de minar os princípios democráticos, garantindo que as “infiltrações silenciosas” não causem danos irreparáveis.