A suspensão das negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre o tarifaço imposto por Donald Trump gerou um turbilhão de reações e acusações. Empresários brasileiros que acompanham de perto as negociações atribuem a responsabilidade ao governo Lula, divergindo da versão oficial que aponta para a influência da "extrema direita".
O Cancelamento e as Versões
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou frustração com o cancelamento da reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, agendada para discutir a sobretaxa de 50%. Haddad culpou articulações de setores conservadores com interlocutores na Casa Branca, citando nominalmente o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
No entanto, empresários que preferiram não se identificar revelaram à CNN que o cancelamento estaria mais ligado à estratégia do Palácio do Planalto de buscar apoio dos países do BRICS (Índia, Rússia, China e África do Sul) para pressionar por uma redução das tarifas sobre produtos brasileiros. As recentes conversas de Lula com os presidentes da Índia e da Rússia, bem como a busca por contato com o líder chinês, Xi Jinping, teriam soado como um sinal de distanciamento para os americanos.
Eduardo Bolsonaro se Defende
O deputado Eduardo Bolsonaro, por sua vez, negou qualquer interferência no cancelamento da reunião. Em nota conjunta com o ex-comentarista da Jovem Pan, Paulo Figueiredo, Bolsonaro afirmou que Haddad estaria culpando terceiros por sua própria incompetência e que as declarações de Lula estariam inflamando a crise diplomática.
Bolsonaro e Figueiredo argumentam que a recente declaração de emergência econômica nos EUA, feita por Donald Trump, demonstra as razões para o tarifaço e que, enquanto o Brasil não abordar essas questões, qualquer reunião seria inútil. Eles afirmam que não têm controle sobre a agenda do Secretário do Tesouro dos EUA e que Bessent age de acordo com os interesses americanos.
O que esperar?
O futuro das negociações entre Brasil e EUA permanece incerto. A divergência de narrativas e a complexidade das relações geopolíticas tornam o cenário imprevisível. Resta saber se os dois países encontrarão um terreno comum para superar as divergências e retomar o diálogo.
Próximos Passos:
- Acompanhar os desdobramentos da busca por apoio no BRICS.
- Analisar a reação do governo americano às declarações de Lula.
- Observar a evolução da relação entre Brasil e EUA no contexto da política internacional.