A compra de ingressos online para eventos ao vivo está no centro de uma batalha legal que pode remodelar toda a indústria. A Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA e uma empresa de venda de ingressos estão em um confronto que definirá os limites da atuação do governo no combate ao uso de "bots" para a compra massiva de bilhetes.
O Que São Bots e Por Que Eles São um Problema?
A questão central é a definição do que realmente constitui o uso de bots. A maioria dos especialistas concorda que bots são programas que automatizam a compra de ingressos, pulando a fila virtual e esgotando os bilhetes rapidamente, muitas vezes sobrecarregando sites como o Ticketmaster. A FTC, no entanto, argumenta que qualquer software que permita a um único usuário operar múltiplas contas no Ticketmaster simultaneamente pode ser considerado um bot.
A Acusação Contra a Key Investment Group
A FTC acusa executivos da Key Investment Group de usar "meios ilegais" para comprar centenas de milhares de ingressos para a turnê "Eras" de Taylor Swift e a turnê de Bruce Springsteen em 2023. A agência alega que a Key utilizou "milhares de contas fictícias no Ticketmaster, milhares de números de cartão de crédito virtuais e tradicionais, endereços IP proxy e bancos de SIM para burlar as medidas de segurança" destinadas a limitar a compra de ingressos.
Ticketmaster Sob Pressão: Monopólio e Reformas
O domínio da Live Nation-Ticketmaster no mercado de ingressos dos EUA está sob crescente pressão, com o governo planejando lançar reformas ainda este mês. A empresa, que controla cerca de 70% a 80% do mercado primário de ingressos, já enfrenta um processo antitruste movido pelo Departamento de Justiça e por mais de 40 procuradores-gerais estaduais. O processo acusa a Ticketmaster de inflacionar preços, impor taxas excessivas e usar seu poder para impedir que os locais trabalhem com concorrentes.
O Que Esperar das Reformas?
O governo tem como objetivo combater a "exploração da revenda de ingressos" e as "taxas abusivas". A Ticketmaster, por sua vez, está fazendo lobby para influenciar as reformas a seu favor, propondo um limite de 20% no preço de revenda. Críticos argumentam que essa medida eliminaria concorrentes independentes e canalizaria ainda mais a atividade do mercado secundário para a plataforma da Ticketmaster.
Um estudo de 2025 sobre mercados com limite de preço na Austrália e na Irlanda revelou que as restrições estavam relacionadas ao aumento da fraude e à redução do acesso dos fãs. Na Irlanda, onde os limites de revenda foram impostos em 2021, os golpes aumentaram tanto que em 2024...